Em entrevista concedida à Fast Company, o vice-presidente sênior de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, defendeu o acordo feito entre a Apple e a OpenAI para integrar o ChatGPT aos sistemas da empresa — novidade anunciada no evento de abertura da WWDC24, na segunda-feira (10/6).
Para Federighi, a integração com o chatbot da OpenAI não faz parte da Apple Intelligence, conjunto de recursos de inteligência artificial anunciado pela Maçã para o iOS 18, o iPadOS 18 e o macOS Sequoia 15. A ideia da IA da empresa é funcionar como uma inteligência pessoal, altamente adaptada ao usuário para aproveitar dados presentes no dispositivo e realizar tarefas personalizadas com base neles.
No entanto, isso pode não ser suficiente para algumas ocasiões, de modo que grandes modelos de linguagem, que geralmente contam com um vasto conhecimento de informações públicas (como é o caso do GPT-4o — para o executivo, o melhor modelo atualmente disponível no mercado) também podem ser úteis para o usuário final.
Esses modelos de fronteira muito grandes têm recursos interessantes que alguns usuários apreciam, e vimos que a integração em nossas experiências poderia tornar [esses recursos] muito mais acessíveis do que [eles] são hoje.
É nesse contexto que surge a integração com o ChatGPT, o qual não se mistura sob qualquer perspectiva com a Apple Intelligence, que é alimentada exclusivamente pelos modelos de LLMs e IA da Maçã. Além disso, a empresa garante que que nenhum dado dos usuários é enviado para a OpenAI sem a sua permissão, os quais devem confirmar manualmente as solicitações.
De encontro a declarações de Musk
As falas do executivo sobre a parceria com a OpenAI vêm após declarações incisivas do bilionário Elon Musk a respeito do acordo. Ameaçando proibir o uso de iPhones em suas empresas, o dono da Tesla e do X (eterno Twitter) questionou a capacidade da Apple de garantir que a empresa protegerá a segurança e a privacidade dos usuários do iOS.
Essa visão de Musk, inclusive, foi rebatida recentemente por uma das principais executivas da OpenAI, Mira Murati, a qual destacou que a visão de que o ChatGPT funcionará como um “spyware assustador” no iPhone é apenas a opinião do executivo. “Obviamente, acho que não [será assim]”, comentou ela em conversa com a Fortune.
Murati afirmou que a OpenAI se preocupa profundamente com a privacidade dos seus usuários e com a segurança dos seus produtos, bem como tenta ser o mais transparente possível com o público. “O maior risco é que os stakeholders não entendam a tecnologia”, destacou ela, numa clara mensagem a Musk.
O modelo de integração entre a Apple e a OpenAI, inclusive, poderá ceder espaço para que outros modelos de linguagem sejam adicionados a depender da necessidade dos usuários — inclusive o Grok, chatbot do X desenvolvido pela xAI, que atualmente está disponível para usuários do plano X Premium.
Federighi ressaltou essa possibilidade na entrevista supracitada: “Por exemplo, se eu for médico, talvez um dia queira trazer um modelo médico; ou se for advogado, posso ter um modelo refinado para o trabalho jurídico que quero trazer para a minha experiência”, destacou ele.
